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Pare e preste atenção na cidade em que você mora.

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 Por Thays Biasetti

Você passou por um lugar que circula todos os dias e, de repente, notou um monumento que nunca tinha reparado. Um monumento majestoso simbolizando a importância de uma figura ilustre para esse município onde você mora há tanto tempo. “Como é que nunca notei isso antes?”, você se pergunta. Não notou porque nunca tinha visto. Pode até ser que tenha olhado para ele, mas não enxergado. Por que? Porque vivemos correndo e nunca achamos importante reparar nas coisas da própria cidade.

“A correria do dia-a-dia não nos deixa perceber a cidade. Só enxergamos os pontos interessantes quando viram notícias”, disse Luiz Carlos Rodrigues do Valle, diretor da agência de turismo receptivo de São Paulo, a Terra Nobre. O fotógrafo Cristiano Mascaro acredita que as pessoas vivem em um mundo fechado, só deles, e, por isso, não enxergam o mundo como deve ser. “Existe algo que chamamos de autismo urbano em que você não consegue enxergar as coisas. As pessoas se fecham em suas casas para se defender da cidade e não vêem o que está ao redor”, comentou.

Outra explicação é de que estamos condicionados a olhar sempre as mesmas coisas, falar sempre com as mesmas pessoas, comer sempre nos mesmos lugares. Esse hábito rotineiro é tão intrínseco na vida dos seres humanos que eles deixam passar momentos, objetos e pessoas que poderiam ser muito importantes ou interessantes. Acabamos procurando novas experiências em lugares distantes de casa, mas não conseguimos perceber e aproveitar as belezas de nossas próprias cidades. “Quando moramos em cidades, tudo vira rotina. Quando viajamos para outros lugares, tudo é novidade. Temos que transformar a nossa cidade nessa novidade”, disse o diretor da agência de turismo. “Os paulistanos, por exemplo, viajam ou trancam-se dentro de shoppings em vez de se sentarem em mesinhas ao ar livre para bater papo ou caminhar”, completou o fotógrafo.

Caminhada perceptiva
Pessoas que correm na rua acabam se surpreendendo com o que vêem na cidade enquanto praticam a atividade. O corpo cheio de hormônios de felicidade, o tempo para si e a falta de pressa conseguem fazer com que o praticante veja um lado diferente dos prédios, das ruas, das pessoas, além de reparar em detalhes que nunca havia notado. “Ande. Ninguém mais anda hoje em dia. Todo mundo fica fechado dentro do carro ou do ônibus. Andar faz com que você preste atenção nos lugares por onde passa”, sugeriu Cristiano.

Podemos também aprender a habilidade de enxergar na rotina diária, dentro do carro ou no restaurante almoçando. Olhe para os lados, repare nas diversidades, nos prédios, nos monumentos. Descubra uma maneira de olhar mais curiosamente para a cidade e encontrar distrações sem precisar viajar centenas de quilômetros.

Desvende sua terra
Por menor que seja a cidade, sempre existe alguma coisa de interessante para se ver. “Procure conhecer a história do lugar em que vice, o que cada prédio representa. Dessa maneira, você pode descobrir que onde agora é um supermercado, costumava ser uma praça ou algo desse tipo”, afirmou Luiz Carlos.

As cidades também podem ter um rio, uma igreja ou uma ponte que foi construída como uma arquitetura diferente. Mas para ver, é preciso sair de casa. “A vida acontece nas ruas. Não adianta ficar trancado em casa que nada vai acontecer”, comentou o fotógrafo. Todos os municípios possuem uma diversidade de cenários imensa. “Se você enxergar um prédio ou local que nunca tinha reparado, tente descobrir o que era feito neste local. Você, provavelmente, ficará surpreso”, orientou Luiz Carlos.

Quem mora no interior, também pode explorar o campo, as cachoeiras, a terra, andar de bicicleta. Quem mora na praia, tente descobrir um cantinho novo no lugar que freqüenta, uma praia deserta ou um lugar legal fora da cidade. Os habitantes das metrópoles também devem aproveitar essa maneira diferente de ver as coisas e procurar lugares interessantes, exposições, parques ou qualquer outra coisa que possa fazê-lo enxergar o mundo de uma maneira diferente. “Ao contrário da natureza, a cidade se transforma em uma velocidade absurda. Existe uma variedade enorme de cenários urbanos que podem ser explorados. Basta parar e prestar atenção”, finalizou Cristiano.

Por Thays Biasetti/Yoga Journal Brasil